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Zura

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


"Nada melhor que as tradições para retemperar a saúde de
nossa alma brasileira"
(Mário de Andrade)

NEM SEMPRE HERÓI....

O mito gaúcho é recente, sua data mais antiga é 1617, "mozos perdidos", que viviam inicialmente na proximidade de Santa Fé, atual Argentina.

Em Buenos Aires eram chamados de "cuatreros e vagabundos", que roubavam e assolavam o campo. Em 1642, os jesuítas registraram vagabundos que pilhavam as estâncias das missões. Em 1759, foram designados de "gaudérios ou gaúchos", estes homens que circulavam pela Capitânia de Rio Grande de São Pedro. Durante a época das safras eles conseguiam empregos temporários nas fazendas de criação de gado.
Durante a Revolução Farroupilha, eles perdem seu termo pejorativo e passam a serem considerados homens dignos, bravos, patriotas e destemidos. Eles são cultuados, a partir deste momento como indivíduos irreverentes, guerreiros, ligados as lidas do campo e do gado.


O gaúcho, foi uma figura masculina, que em meados do século dezenove já era mito. Símbolo dos pampas, no decorrer da história, torna-se um arquétipo de "Ser Nacional". Era-lhe atribuídos predicados múltiplos como: hombridade, valentia, espírito de luta entre outras. Um homem que havia forjado uma forma de vida sob a qual o estigma da liberdade sinaliza seus passos. Um ser indomável que vivia solitário e desprendido de qualquer conforto.
Foi estilizado e cultuado na literatura como um "centauro dos pampas"ou "monarca das coxilhas", um semi-deus que galopava livre distribuindo justiça e generosidade.
Grande parte da ideologia do gaúcho, encontra-se hoje preservada pelos atuais CTG's, que surgiram no final da década de 40, frutos de um desejo apaixonado de resgatar as raízes da cultura gaúcha. Através de suas atividades, reproduzem com orgulho os hábitos do homem do campo, que colonizou e fez crescer o Estado, mantendo sempre acesa a chama da história.

Todo o povo gaúcho, sempre exaltou a coragem de seus ancestrais, canta seu apego à terra e seu grande amor pela liberdade.

ORIGEM DO NOME


A origem da palavra GAÚCHO, tem muitos segmentos. Segundo alguns autores, o termo provém do guarani e significaria "homem que canta triste", aludido provavelmente à "cantilena arrastada dos minuanos".

A maioria dos autores rio-grandenses, no entanto, diz que seria uma corruptela da palavra Huagchu, de origem quêchua, traduzida por guacho, que significa órfão e designaria os filhos de índia com branco português ou espanhol.

O CAVALO EM CENA

O folclore do Rio Grande, dignifica a magnitude da alma do povo gaúcho, legendário na história e amante fiel do seu bravo companheiro: o cavalo.
Não se concebe um gaúcho sem seu cavalo. A galope, este cavaleiro é o rei dos pampas. Foi através de seus trópeis e cavalgadas que se completou a integração da região rio-grandense no século dezenove.

No campo vislumbrava-se este herói alado com seu pala esvoaçante ao sabor do vento minuano. Em suas veias correm todos os sangues: índio, português e levemente negro. Assim era o jovial habitante dos pampas. Ao seu lado, uma linda prenda.

A DOMA


Este cavaleiro indomável é exímio domador. A doma é a parte mais empolgante dos rodeios, o maior atrativo das festas dos Centros Tradicionalistas do Rio Grande do Sul.

Neste evento, o peão cavalga sem arreios, em pêlo. Homem e cavalo tentam uma aproximação. O animal corcoveia, pinoteia em uma luta feroz corpo a corpo. O peão insiste em domar o cavalo. O cavaleiro pode acabar beijando o chão ou o cavalo sossega domado. Todo este feito é acompanhado pelo aplauso e delírio de uma grande assistência.
Uma doma festiva é bonita de se ver! É regada a gaita de fole, pessoas pilchadas, muitos cânticos e poesia. Pode-se ouvir:
"Vou me embora , vou me embora
Prenda minha, tenho muito o que fazer
Vou partir para rodeio, prenda minha
no campo do bem querer.
No potreiro dos teus olhos, prenda minha
Eu prendi meu coração
Ficou preso e mui bem preso, prenda minha
Este potro redomão".
OS COSTUMES DO GAÚCHO


"Gaúcho, forte e ágil, sua arma é o laço, que atado a cincha do lombilho, o braço campeiro, boleia e arremessa com vigor o seu potente laço. Simples e ingênuo, desfaz as sugestões de desprezo, porque a liberdade é a mais alta afirmativa da natureza humana".

Os hábitos do gaúcho são em geral ligados à vida no campo. Os mais conhecidos são:

É ágil no uso do laço – o gaúcho sabe laçar um cavalo ou um boi usando o laço, feito de couro trançado.
Ser condutor de gado, ou seja, tropeiro - normalmente esse trabalho é realizado por um peão tanto de dia como à noite, faça sol ou faça chuva, esteja nevando ou soprando o minuano.

Fazer do cavalo um companheiro – o gaúcho procura nunca se separar do cavalo, animal introduzido, no nosso rincão gaúcho, através das Missões, pelos padres jesuítas. O cavalo é chamado pelo gaúcho de pingo. O Rio Grande do Sul tem manadas de grande beleza: os baios, os alazões, os pangaré e tantas outras pelagens.
Seu alimento predileto é o churrasco e o arroz de carreteiro.
Sua bebida preferida é o chimarrão.

A ALEGRIA NO PALCO GAÚCHO


As danças gaúchas são a legítima expressão de sua alma. Em todas elas vê-se o espírito de fidalgia e o respeito a figura feminina, que sempre caracterizou o campesino rio-grandense. Todas também dão margem para ele extravasar a sua criativa teatralidade.

As danças folclóricas gaúchas, possuem uma peculiaridade, são sempre evolucionadas aos pares. Este fato encontra justificativa na formação histórica do povo gaúcho, uma sociedade que só se firmou e deitou raízes nesta terra através da participação atuante da mulher. Ela jamais foi reclusa como as mulheres das Casas Grandes, dos engenhos do Nordeste.

As danças dos pares entrelaçados faz muito sucesso.
A mais típica representação tradicional do Rio Grande do Sul, no campo das danças, é o velho "fandango".
As danças folclóricas são: Pezinho; Balaio; Chula; Xote; Boilaneira; Canaverde; Anu; Maçanico; Tatu com Volta Romeiro; Tirana do Lenço; Rancheira de Carreinha e a Chimarrita.

As Danças de Salão são: Valsa; Vaneira; Vaneirão; Xote; Milonga; Bugio; Rancheira e Chamamé.

INDUMENTÁRIA GAÚCHA


A partir de 1865 definiu-se a indumentária do gaúcho atual.

Vestuário característico masculino:

Chapéu de couro ou de feltro de abas largas preso pelo barbicacho, o poncho sobre os ombros, o lenço geralmente de cores vivas, de nó corrediço. Uma camisa de lã ou de pano grosso.
Na cintura, a "guaiaca", cinto largo onde traz a faca e a garrucha no coldre. As bombachas, calças largas apertadas no tornozelo, as botas com "chilenas" (esporas de rosetas grandes) e finalmente ao pulso a presilha do rebenque da várias tiras, não esquecendo do laço de couro de burro.
Está ele pronto nos pampas para enfrentar.

O Lenço:
Usado ao pescoço, pode ser de diversas cores, sendo a branca e a vermelha as mais comuns. No passado, tiveram conotações políticas: o vermelho republicano (1835), maragato ou federalista (1893), maragato ou libertador (1923); a branca pica-pau (1893) e chimango (1923). O preto somente é usado em sinal de luto.
O lenço é amarrado por nós, sendo que há mais de dez modelos diferentes. Alguns exemplos: nó-de-rodeio, "Assis Brasil", "farroupilha", nó-de-domador, "namorador", cabeça-de-touro e "rapadura".

Vestuário característico feminino:
De 1820 a 1870 a mulher gaúcha usou vestido de seda ou veludo, botinhas fechadas, travessa nos cabelos, leque, meias brancas e xale. Era a influência européia.

A mulher campesiana usava uma saia e um casaquinho, meias, cabelos soltos ou trançados, sapatos fechados e ao pescoço um pequeno triângulo de seda, chamado Fichu.
A partir de 1870 até os tempos de hoje, a prenda usa vestido de chita sem muitos babados, meia branca, sapatilhas pretas sem salto alto, bombachinha, flor ou fita no cabelo e sem muitas jóias e maquiagem. A prenda conserva a simplicidade da mulher gaúcha, sem afetar a beleza de um ser de padrões morais superiores.

SEMANA FARROUPILHA


À meia-noite do dia 7 de setembro de 1947 nasceu a chama crioula, iniciativa deste grupo de estudantes para homenagear os soldados mortos na Revolução Farroupilha e na Segunda Guerra Mundial. A chama crioula que acabava de nascer significava a liberdade e a confraternização entre os povos do mundo.

No dia 11 de dezembro de 1964, através da Lei 4.850, a Assembléia Estadual do Estado do Rio Grande do Sul, oficializou a ronda gaúcha, com o nome de Semana Farroupilha. O período de comemoração passou a ser de uma semana, do dia 14 à 20 de setembro.

Em 1996 , através de lei federal, o dia 20 de setembro foi oficializado o dia do gaúcho ou dia da liberdade, no qual são homenageados os heróis da Revolução Farroupilha.

Na Semana Farroupilha é intensa a programação dos CTG’s no Brasil e em outros países. No dia 14 de Setembro a chama crioula chega na maioria dos 2500 CTG’s espalhados por todo o Brasil.
A chama vai ao Parque da Harmonia, no centro de Porto Alegre, onde ficam acampados centenas de CTG’s, durante a Semana Farroupilha. A chama crioula vai também ao Palácio Piratini, sede do governo do Estado. O próprio governador acende o candeeiro com a chama crioula, a qual ficará guarnecida por soldados da Brigada Militar até o dia 20 de Setembro.

Durante a Semana Farroupilha são realizados estudos, palestras, atividades campeiras, culturais e também grandes bailes gauchescos.

O Rio Grande do Sul, sob a magia e o encanto de suas belas paisagens, nos oferece um riquíssimo folclore. Tão grande acervo brotou da convivência do homem do campo às margens da fronteira, mesclado com as raças do litoral, comungado com a farta dádiva da natureza criadora.

O folclore gaúcho é seiva da hospitalidade do povo rio-grandense, onde germinam usos e costumes espontâneos.

O folclore gaúcho tem o gosto marcante do chimarrão, a alegria contagiante dos fandangos e o olhar matreiro do Cruzeiro do Sul.

ORAÇÃO DO GAÚCHO

D. Luiz Felipe de Nadal, bispo de Uruguaiana

"Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e com licença do Patrão Celestial. Vou chegando, enquanto cevo o amargo de minhas confidências, porque ao romper da madrugada e ao descambar do sol, preciso camperear por outras invernadas e repontar do Céu, a força e a coragem para o entrevero do dia que passa.
Eu bem sei que qualquer guasca, bem pilchado, de faca, rebenque e esporas, não se afirma nos arreios da vida, se não se estriba na proteção do Céu. Ouve, Patrão Celeste, a oração que te faço ao romper da madrugada e ao descambar do Sol: "Tomara que todo o mundo seja como irmão ! Ajuda-me a perdoar as afrontar e não fazer aos outros o que não quero para mim".
Perdoa-me, Senhor, porque rengueando pelas canhadas da fraqueza humana, de quando em vez, quase sem querer, eu me solto porteira a fora... Êta potrilho chucro, renegado e caborteiro... mas eu te garanto, meu Senhor, quero ser bom e direito ! Ajuda-me, Virgem Maria, Primeira Prenda do Céu. Socorre-me, São Pedro, Capataz da Estância Gaúcha. Pra fim de conversa, vou dizer meu Deus, mas somente para ti, que tua vontade leva a minha de cabresto pra todo o sempre e até a querência do Céu.
Amém."

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Poesias


Querências Amigas  
Paulo de Freitas Mendonça e Jose Curbelo
Em Rivera e Livramento
Pajadores lado a lado
Teu país e meu estado
Se unem no sentimento
Por saber que és atento
às coisas da natureza
Me responda com clareza
Do fundo do coração
O que viste em meu rincão
Que te mostrou mais beleza?

Su Querencia és tan hermosa
Un derroche de beleza
Aquí la naturaleza
Fué pródiga y generosa
las misiones és gloriosa
história curcificada
Su memória ensagrentada
le muestra el tiempo inmutable
como señal imborrable
A su tierra colorada.

Pago de bons pajadores
Tua querência é sensata
Da costa do Rio da Prata
Aos campos verdes e flores
Seus prédios e suas cores
Encantam por todos lados
Rio dos passáros pintados
Campital Montevidéo
É linda, parece um céu
De monumentos plantados.

Mencionando monumentos
Es justo que uno le integre
Símbolo de Porto Alegre
Y de criollos sentimientos
Del bronce eterno los tientos
El tiempo fué trenzador
Caringi el gran escultor
Y el modelo Paixão Côrtes
Darán honra a los aportes
Que hizo el gaucho El Lazador.

El gaucho ou entrevero
La carreta e outros mais
Recuerdos de ancestrais
Bons heróicos pioneiros
Restando a nós, troveiros
Saudá-los neste momento
Já que a paz sopra bom vento
Pro gaúcho ser folclórico
Lembro monumento histórico
Colônia do Sacramento.

Monumento natural
El bosque petrificado
En el centro del estado
De siglos guarda un caudal
Y para um trago cordial
A la vera del camino
Halla todo peregrino
Que pase por esta tierra
Amistad gaucha en la sierra
De la uva e del buen vino.

Com vinho quero brindar
às duas terras amigas
Heroicos Bento y Artigas
Respaldan nuestro cantar
Respiramos mesmo ar
Somos todos vencedores
Y con los mismos fervores
Eternamente encendidos
Que os povos sejam unidos
Como são os pajadores


Poesias

Bem Amigo  
Paulo de Freitas Mendonça
Como é bom ver um amigo bem
A sorrir por ter e amar alguém
A progredir pelo valor que tem

Ver brotar dos poros, energia
Sã magia da alegria de viver
Como é bom ver um amigo
E ser feliz só por vê-lo ser

Ser além da própria estatura
Por humilde, ser maior ainda
A sorrir por ter e amar alguém
Pra fazer sua bela inda mais bela

Como é bom ver um amigo bem
E ser o amigo que este amigo tem.

Poesias Gauchas

Do Lado de Cá...
Chimarruts.

Se a vida às vezes dá uns dias de segundos cinzas
e o tempo tic taca devagar
Põe o teu melhor vestido, brilha teu sorriso
Vem pra cá, vem pra cá
Se a vida muitas vezes só chuvisca, só garoa
e tudo não parece funcionar
Deixe esse problema a toa, pra ficar na boa
Vem pra cá

Do lado de cá, a vista é bonita
A maré é boa de provar
Do lado de cá, eu vivo tranquila
E o meu corpo dança sem parar
Do lado de cá tem música, amigos e alguém para amar
Do lado de cá

A vida é agora, vê se não demora.
Pra recomeçar é só ter vontade de felicidade pra pular

Do lado de cá, a vista é bonita
A maré é boa de provar
Do lado de cá, eu vivo tranquila
E o meu corpo dança sem parar
Do lado de cá tem música, amigos e alguém para amar
Do lado de cá

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Tradiçoes Gaucha

Churrasco
O principal prato da culinária gaúcha é indiscutivelmente o churrasco. A simplicidade do preparo não descarta um certo refinamento. Desde os primeiros tempos, o gaúcho come churrasco. Os índios primitivos comiam carne de caça, de gado ou de potro atirada diretamente no fogo.
Os conceitos para o churrasco são os mais variados. Antonio Álvares Pereira Coruja, em 1858, descreveu o alimento como “pedaço de carne assada ligeiramente sobre brasas”, enquanto José Antônio do Valle, autor do romance Divinas Pastoras, registrou como “carne preparada sem desunir do couro, em cuja parte se aplica o fogo”.
Popularizou-se por todo o Rio Grande, pelas demais regiões do país e no Exterior a denominação de churrasco no espeto para o tradicional preparo da carne pelos gaúchos. O assado é feito na grelha ou no forno.

Tradiçoes Gaucha

OS DEZ MANDAMENTOS DO CHIMARRÃO
                  Apesar de simples e informal, a roda de chimarrão tem suas regras. Verdadeiros mandamentos, que devem ser respeitados por todos. Se você é iniciante ou está redescobrindo o costume, observe esses pontos relacionados com boa dose de humor:
      1- NÃO PEÇAS AÇÚCAR NO MATEO gaúcho aprende desde piazito o porquê o chimarrão se chama também mate amargo ou, mais intimamente, amargo apenas. Mas se tu és de outros pagos, mesmo sabendo, poderá achar que é amargo demais e cometer o maior sacrilégio que alguém pode imaginar nesse pedaço do Brasil: pedir açúcar. Pode-se por água, ervas exóticas, cana, frutas, cocaína, feldspato, dollar, etc... mas jamais açúcar. O gaúcho pode ter todos os defeitos do mundo, mas não merece ouvir um pedido desses. Portanto, tchê, se o chimarrão te parece amargo demais, não hesites, pede uma coca-cola com canudinho. Tu vais te sentir bem melhor.             
      
2- NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO É ANTI-HIGIÊNICO
Tu podes achar que é anti-higiênico por a boca onde todo mundo põe. Claro que é. Só que tu não tens o direito de proferir tamanha blasfêmia em se tratando de chimarrão. Repito: pede uma coca-cola de canudinho. O canudo é puro como a água de sanga (pode haver coliformes fecais e estafilococos dentro da garrafa, não nele).
                  
3- NÃO DIGAS QUE O MATE ESTÁ QUENTE DEMAIS
Se todos estão chimarreando sem reclamar da temperatura da água, é porque ela é perfeitamente suportável por pessoas normais. Se tu não és uma pessoa normal, assume tuas frescuras (caso desejes te curar, recomendamos uma visita ao analista de Bagé). Se, porém, te julgas perfeitamente igual aos demais, faze o seguinte: vai para o Paraguai. Tu vai adorar o chimarrão de lá.                  
4- NÃO DEIXES UM MATE PELA METADE
Apesar da grande semelhança que existe entre o chimarrão e o cachimbo da paz, há diferenças fundamentais. Como o cachimbo da paz, cada um dá uma tragada e passa-o adiante, já o chimarrão não. Tu deves tomar toda a água servida até ouvir o ronco da cuia vazia. A propósito, leia logo o mandamento abaixo.                    
5- NÃO TE ENVERGONHES DO "RONCO" NO FIM DO MATE
Se, ao acabar o mate, sem querer fizer a bomba "roncar", não te envergonhes. Está tudo bem, ninguém vai te julgar mal-educado. Esse negócio de chupar sem fazer barulho vale para a coca-cola com canudinho que tu podes até tomar com o dedinho levantado (fazendo pose de assumida).               
6- NÃO MEXAS NA BOMBA
A bomba de chimarrão pode muito bem entupir, seja por culpa dela mesma, da erva ou de quem preparou o mate. Se isso acontecer, tens todo o direito de reclamar. Mas por favor, não mexas na bomba. Fale com quem te passou o mate ou com quem lhe passou a cuia. Mas não mexas na bomba, não mexas na bomba e, sobretudo, não mexas na bomba.
                            7- NÃO ALTERE A ORDEM EM QUE O MATE É SERVIDO
Roda de chimarrão funciona como cavalo de leiteiro. A cuia passa de mão em mão, sempre na mesma ordem. Para entrar na roda, qualquer hora serve, mas depois de entrar, espera sempre a tua vez e não queiras favorecer ninguém, mesmo que seja a mais prendada prenda do estado.
                          8- NÃO CONDENES O DONO DA CASA POR TOMAR O PRIMEIRO MATE
Se tu julgas o dono da casa um grosso por preparar o chimarrão e tomar ele próprio o primeiro mate, saibas que o grosso és tu. O pior mate é o primeiro, e quem toma está te prestando um favor.
                   
9- NÃO DURMAS COM A CUIA NA MÃO
Tomar mate solito é um excelente meio de meditar sobre as coisas da vida. Tu mateias sem pressa, matutando... E às vezes te surpreendes até imaginando que a cuia não é cuia, mas o quente seio moreno daquela chinoca faceira que apareceu no baile do Gaudêncio... Agora, tomar chimarrão numa roda é muito diferente. Aí o fundamental não é meditar, mas sim integrar-se à roda. Numa roda de chimarrão, tu falas, discutes, ris, xingas, enfim, tu participas de uma comunidade em confraternização. Só que essa tua participação não pode ser levada ao extremo de te fazer esquecer a cuia que está na tua mão. Fala quanto quizeres mas não esqueças de tomar o teu mate que a moçada tá esperando.
                       
10- NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO DÁ CANCER
Pode até dar. Mas não vai ser tu, que pela primeira vez pega na cuia, que irás dizer, com ar de entendido, que o chimarrão é cancerígeno. Se aceitaste o mate que te ofereceram, toma e esqueces o cancer. Se não der para esquecer, faz o seguinte: pede uma coca-cola com canudinho que ela etc... etc...

Tradiçoes Gaucha

O Chimarrão
QUALIDADES TERAPÊUTICAS DO CHIMARÃO:
Estimula e tonifica
Diurético, o chimarrão é um concorrente da cafeína. Não se toma chimarrão e café simultaneamente. Um ou outro, alto lá! Se houvesse teria no mate, estaria escrito "atua como estimulante do coração e do sistema nervoso, elimina os estados depressivos e tonifica os músculos contra a fadiga e o cansaço".
Não é apenas água e erva, tem complexo B, cálcio, magnésio, sódio, ferro e flúor. Alimenta mesmo, por mais verde e extraterrestre que seja. Na sangrenta Guerra do Paraguai ( 1864 a 1870), por exemplo, o general Francisco da Rocha Callado conta que o Exército brasileiro alimentou-se exclusivamente de chimarrão durante 22 dias. "As pesquisas sobre o chimarrão estão iniciando seriamente agora. Revelam que a bebida tem antioxidantes, também presentes no badalado chá verde (chinês), e que produz um leve efeito contra a coagulação no sangue, como a aspirina", diz o cardiologista Fernando Lucchese.